Praticamente metade (49,9%) dos professores dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio que lecionam em regiões rurais do Brasil não tem formação em cursos superiores de licenciatura, mínino exigido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Na zona urbana, apenas 14,8% dos docentes não possui a formação adequada.
Os números são do Censo Escolar 2010 (PDF), trabalhados pela área de Estudos e Pesquisas do Todos pela Educação. Eles apontam, ainda, que os problemas da educação no campo se estendem à infraestrutura das escolas e definição de linhas pedagógicas.
Vale ressaltar que a LDB admite que, para a educação infantil e o ensino fundamental I, os professores tenham formação em nível médio, na modalidade Normal. Atualmente, 91,5% dos professores das escolas urbanas dessas etapas do ensino têm formação adequada. Na zona rural, o índice cai para 88,3%.
“O magistério deve ser mais atraente para que os jovens do campo queiram ser professores”, destaca a diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz. “O campo acumula várias desigualdades educacionais do Brasil. Nele, a diferença entre os mais ricos e os mais pobres é ainda mais acentuada”.
Especialistas em educação do campo avaliam que essa modalidade de ensino foi baseada em valores urbanos, o que gera problemas em sala de aula. “A educação do campo, como um todo, foi formulada de cima para baixo, o que desrespeitou a complexidade e a diversidade da realidade rural. Ela é descontextualizada”, avalia o pesquisador em Ensino do campo, da Universidade do Planalto Catarinense – Uniplac, Geraldo Augusto Locks.
Já para o pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologias do Pará – IFPA (http://www.ifpa.edu.br/), Cícero Italiano Sobrinho, outro grande desafio é motivar o professor a ficar ou voltar para a zona rural. “O campo precisa de professores que sonhem os mesmos sonhos que os campesinos. Que sintam as mesmas angústias e, principalmente, que estejam dispostos a lutar por estes sonhos e pelas resoluções de seus problemas. Infelizmente, essa ainda não é a realidade vislumbrada pela educação campesina”, afirma Sobrinho.
Visando amenizar a defasagem, o Ministério da Educação – MEC lançou, no final de março, uma política específica para a zona rural, o Programa Nacional de Educação do Campo – Pronacampo.
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