Integrantes do movimento contra a corrupção reivindicam fim do foro privilegiado, caracterização da corrupção como crime hediondo, entre outras medidas.
Fim do foro privilegiado, caracterização da corrupção como crime
hediondo, voto distrital, ampliação de mecanismos de fiscalização do
poder público e fim da obrigatoriedade do voto foram algumas das medidas
para o combate à corrupção sugeridas pelos participantes do protesto do
Dia do Basta, realizado no sábado, em Curitiba. Na capital paranaense, a
passeata saiu da Boca Maldita, no centro da cidade, às 10h30, e depois
de fazer um trajeto que incluiu a Avenida Marechal Deodoro e Praça Rui
Barbosa, rumou para o Palácio Iguaçu. Segundo a Polícia Militar, a
terceira edição do evento reuniu cerca de 500 pessoas em Curitiba. No
total, 42 cidades participaram simultaneamente do Dia do Basta em todo o
Brasil.
Oficialmente estava na pauta de reivindicações o voto aberto dos
parlamentares, fim do foro privilegiado e a instituição da corrupção
como crime hediondo. Entretanto, além de temas ligados ao combate à
corrupção, os manifestantes cobraram das autoridades diversas outras
medidas. “Em Curitiba, também estamos reivindicando que 10% do PIB do
município seja destinado à educação”, afirmou a professora universitária
Regina Amélia Darriba Rodriguez, uma das organizadoras do evento.
O economista Wilson Carlos Giotto, de 65 anos, disse que considera o
voto distrital a solução para os problemas de desvio de dinheiro
público. Segundo ele, com o voto distrital será possível aproximar cada
vez mais os políticos do povo e sujeitar suas ações às reais
necessidades dos eleitores.
Na companhia da esposa, Dione Maria Giotto, de 56 anos, o economista
disse que a alta carga tributária brasileira e o dinheiro desviado pela
corrupção não permitem que as pessoas possam desfrutar tranquilas a
velhice, porque precisam trabalhar para sobreviver. “Me sinto uma
palhaça diante de tantas CPIs que resultam em nada. Estou farta de tanta
impunidade neste país”, desabafou Dione.
Para a musicóloga Valkíria Polo, de 58 anos, o Dia do Basta é apenas o
primeiro passo de um movimento que busca a mudança uma sociedade mais
justa e menos corrupta. Paulistana, ela está há 20 anos em Curitiba e
diz que já não reconhece mais a cidade que escolheu para viver e criar
sua família. “Enquanto os políticos desviam dinheiro e ficam impunes, a
cidade padece assombrada pela violência, sem infraestrutura, saúde,
educação”, declarou Valkíria. “A via de mudança está no voto consciente.
Para isso, no entanto, acho que é preciso abolir a obrigatoriedade do
voto.”
“Só o movimento não basta. É preciso aumentar os mecanismos de
fiscalização e controle poder público a nível municipal, estadual e
federal, por parte da sociedade”, defendeu o bombeiro Rafael Fontana, de
28 anos, que ajudava no recolhimento das assinaturas pedindo que o povo
também possa decidir pela convocação de um plebiscito popular ou
referendo. Hoje, esse direito é atribuído somente aos representantes
eleitos. Além dessa lista, outras três circulavam recolhendo assinaturas
para o fim do foro privilegiado para políticos, a caracterização da
corrupção como crime hediondo e o voto aberto dos parlamentares.
Colaborou Katna Baran, especial para a Gazeta do Povo.
Fonte: Gazeta do Povo
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