sexta-feira, 2 de março de 2012

CLIMA TENSO ENTRE O PREFEITO E SEU VICE NA CIDADE DE CAMPO GRANDE.

“Foram quantas casas que você deu a cada vereador, Bibi, 5 ou 6 ?”

Bibi de Nenca - PMDB
Se tem algo que Bibi de Nenca fez melhor do que seus antecessores foi controlar a Câmara de Vereadores. Antonio Veras teve uma oposição legislativa atuante e Bebeto viveu grandes debates com os vereadores que marcavam as diferenças de projetos de cada um. O início teve as condições de Bibi inaugurar algo ainda melhor porque marcava a continuidade do segundo com a ausência daqueles dois principais nomes da última década da política campograndense. Mas o passar do tempo e seus atos contraditórios criaram uma gelatina política com as mensagens subliminares contidas na repetida frase do “não tem mais adversário” (Com isso Bibi forçava dizer que não havia diferença do projeto político do grupo que ganhou as eleições para o que perdeu. Estranho!).

E foi assim que no início o discurso paz e amor parecia sugerir uma autonomia na relação Executivo/Legislativo, baseada no debate dos grandes temas para o desenvolvimento de Campo Grande. Neste contexto o PT era muito importante porque influenciava no novo momento pautando questões novas como a Adutora do Sertão que trazia o questionamento sobre o direito universal a segurança hídrica. Inclusive, numa reunião de Caiana, em 2009, estavam muitos vereadores lá discutindo a adutora que hoje desconhecem.

Caramurú Paiva - PT
Essa influência do PT numa agenda nova desenvolvimentista pode ser visto também quando o mandato de vice prefeito convidou Bibi, Arnaldo e Wagner para conhecerem a articulação de uma empresa têxtil (pelo vice prefeito) para gerar emprego em Campo Grande, depois o mesmo mandato de vice prefeito os envolveu na viabilização do cursinho pré vestibular e também levou os dois vereadores a participarem de encontros regionais com autoridades do esporte. Mas estes e seus pares não viam vantagens nesta nova agenda (não viam vantagens para eles!) e no lugar de gostarem do encaminhamento político e levarem os novos temas para debaterem na Câmara, se encheram de ciúmes e preferiram debater a autoria de cada trabalho, fugindo do mais importante que era a tentativa de aproximarem pelas causas coletivas.  Daí foi um passo para dispensarem a influência petista e trazerem de volta os velhos argumentos que fazem a rotina da política interiorana.

Acuado com a pressão para que ele visse que “aquilo não pertencia a ele e só o PT apareceria”, Bibi não contou conversa e se retirou da agenda desenvolvimentista que tinha a CARA DO PT e volveu para um jeito tradicional de acalmar aliados políticos. Talvez alguns exemplos a seguir expliquem como Bibi de Nenca retrocedeu numa relação que podia ter sido harmoniosa entre os poderes executivo e legislativo. Aliás, o mandato começou assim, mas mudou para uma notória dominação do primeiro sobre o segundo.

Começa com a apresentação do projeto de lei que atribuía funções para o mandato de vice prefeito (o que é bem diferente de confirmar a sala de trabalho prometida). Diferente de todas as outras votações que Bibi mandou nos últimos 3 anos para a Câmara, na votação das atribuições do vice prefeito, Bibi não pediu apoio aos então vereadores de oposição. “Só falo com os nossos”, foi esta a frase que me disse.

Depois da derrota do projeto “do vice prefeito” o vereador Antonio Holanda afirmou nas conversas na comunidade do Bom Jesus que o resultado era do agrado do prefeito Bibi. Sei que é uma contradição, mas hoje acredito nele porque Bibi só “perdeu” aquela votação em 3 anos. Tempos depois a esposa de Antonio Holanda subiu para o cargo de diretora de escola e este veio para a base governista.

Fiscalizar o trabalho do executivo e propor sugestões ao Executivo é o resumo do trabalho do Legislativo. Distante disso, a sociedade vê perplexa os dois últimos anos da Câmara de Vereadores dedicados praticamente a uma única pauta que é a de atacar o trabalho do Vice Prefeito, fazendo a contradição de fiscalizarem o mandato que eles não quiseram ver trabalhando.

No comando da Tribuna Arnaldo e sua inteligência a serviço da sua “lealdade” que já foi de Miguel Brito, Manoel Brito, Lufran e Bebeto Almeida. Agora é Bibi acima de tudo. Assim fica óbvio de a mando de quem ele requenta a ironia “o CARA não fez, o CARA quer ser mais do que o prefeito, o CARA contradiz, etc” ? … Na verdade, o CARA só quer e conseguiu ser o vice prefeito que trabalha e isso incomodou muito, mas manteve coerência com 37 anos de uma vida que só recebeu dinheiro pelo suor do que realizou.

Em troca do exercício desta missão de matador que Arnaldo tanto gosta de executar, ele tem o conforto do trânsito livre entre o vereador e o executivo. Um pedido de Arnaldo é lei dentro da Prefeitura. E nessa mordomia conseguida com a lealdade, o vereador Arnaldo se elege com descanso, longe do trabalho que dá para gerar cidadania que exigiria dele participação e apoio as entidades de luta do povo como associações, times de futebol, fórum de entidades, conselhos, etc. Nada disso atrai Arnaldo.

A maior derrota para Campo Grande desta relação dominadora de Bibi sobre o legislativo é o silêncio de Nilson Júnior. Um dos mais brilhantes fiscalizadores do Executivo na gestão de Bebeto, ao negociar o apoio a bibi de Nenca, ficou um parlamentar pouco cobrador das cabeças de vacas jogadas ao relento por falta de um matadouro adequado e calou a sua voz como a voz do povo na cobrança do executivo.  Mesmo assim acho que Nilson Júnior faz alguma diferença com a promoção de evento como o dia da criança. Em que pese às diferenças que temos a nossa consideração sempre reconheceu a luta deste vereador.

Contam ainda que exista cônjuge de parlamentar que recebe sem trabalhar. Se confirmam esta informação e de outros não dá para dizer; mas o fato é que não se tem notícia de atuação de Givanildo Fernandes numa coordenação da Secretaria de Educação, cargo que ocupou sem retorno para o município, pelo menos, nos dois primeiros anos. Aliás, Givanildo que sarcasticamente Arnaldo esnobava fazendo piadas coma presença constante deste nas ações da Câmara, ao lado da esposa Dilcinéia Brito cuja lealdade ao sistema supera até diferenças pessoais com Wagner.

De Givanildo ainda tem uma historinha quando participou do encontro de associações com mais de 300 agricultores/as, em 2011, no Palhoção. Sem saber que o Programa Minha Casa Minha Vida não garantia cota de casas por vereador, o esposo da vereadora Dilcinéia ao microfone perguntou a Bibi: “Quantas casas você deu a cada vereador, 5 ou 6 ?”. O povo se olhou e imediatamente isto virou mais um caso desta afinidade que, em parte, explica a Câmara fazer tudo, menos encher a cabeça do prefeito com fiscalização ou propostas pertubadoras.

O fato é que da Câmara de Vereadores da atual legislatura, na oposição ficaram apenas João Fernandes e Adriana Alves. Um por Bebeto e outro por Manoel Véras. Na história ficará esta relação que Bibi classifica de harmoniosa, dissimulando estas trocas de interesses tão a vista aos olhos da comunidade. Mas Bibi não acha isso e até reproduziu no site oficial da prefeitura uma nota de um colunista citando pesquisa onde 9 de cada 10 campograndenses aprovam a sua gestão.

Mas se este enlace Executivo/Legislativo concluirá numa integração de lideranças em alianças proveitosas só o tempo irá dizer. Existem antecedentes da história política que estas uniões forjadas as pressas para manter um projeto de poder, o povo rejeitou porque este não foi convidado para o pacto e não desfrutou dos benefícios. Eu acho que foi mais um erro no percurso de Bibi que poderia ter evitado. Certo que ele sairia da zona de conforto, mas em compensação tinha ajudado a criar uma relação autônoma e de debate livre entre os poderes. Isto seria um legado maior para a história de Campo Grande.

Fonte: Site do Caramurú

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